quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

"Só precisamos de comida e amigos"

Patch Adams é o apelido do médico Hunter Doherty Adams, que ficou mundialmente famoso ao ser interpretado por Robin Williams no filme que leva seu nome.


"O filme que fizeram sobre mim é bonitinho, mas não faz as pessoas quererem alimentar quem sente fome. Eu quero proteger a Amazônia e quero também acabar com a violência contra as mulheres. O filme podia ter integrado isso tudo. Mas o mundo está tão faminto de amor que qualquer coisa minimamente ligada a isso, a versão mais simplista e hollywoodiana para uma mensagem de amor, é necessária. Não existe amor na TV, não se fala de amor nas escolas. "

Patch entende que médicos existem para melhorar a vida das pessoas, e não para adiar a morte. Tem dedicado seu trabalho e sua vida para mudar os paradigmas de atendimento na medicina - como ponto de partida - mas reflete o tempo todo, como todo bom ativista, sobre o contexto inteiro.

"Se não mudarmos de uma sociedade que venera dinheiro e poder para uma sociedade que venera generosidade e carinho, não há esperança para a humanidade no próximo século."


Ainda que sua base fundamental seja a disseminação do amor, o médico evita os cliches e armadilhas do romantismo e é bastante pragmático em suas críticas sociais. Afirma que não concorda com a máxima de que a felicidade é um remédio, dizendo categoricamente que o que nos mantém saudáveis são as boas relações que cultivamos.  Separamos um trecho da entrevista que o médico participou na TV cultura, em 2007, onde ele aborda o papel fundamental das mídias de massa para educação da população. 


"Estamos andando numa grande bolha de mentiras. Precisamos tomar o sistema de televisão de volta para o povo, não deixá-lo ser mais um empreendimento comercial das multinacionais. E usar o poder da comunicação para educar as pessoas para o amor. Pense no porque as pessoas são interessadas nessa bobagem que é o futebol. Antes da televisão, esportes eram algo que as pessoas praticavam, curtiam. Agora é uma máquina de dinheiro. E as pessoas que aos domingos antes brincavam com os filhos e construíam relações com as esposas, estão hoje na frente da TV, tomando cerveja para torcer por multimilionários brincando com suas bolas. A televisão poderia ser usada para acabar para sempre com a violência contra a mulher, por exemplo. Mas é usada para nos fazer acreditar que precisamos de um grande palácio para morar, um carro novo para dirigir, muito dinheiro no banco e férias glamourosas. Enquanto tem gente passando fome. O que as pessoas realmente precisam é de comida e amigos."