segunda-feira, 31 de julho de 2017

Especialistas em Aleitamento Materno!

Uma máxima que não cansamos de repetir é que nem todo profissional de saúde da infância (ou gestação e parto) é conhecedor do assunto ou sequer especialista em amamentação. Pelo contrário, no geral, os profissionais são bem pouco formados para o apoio técnico, comportamental e emocional necessários para o sucesso da amamentação.

Pesquisas mostram que quem mais sugere o desmame precoce (e também apos o 1º ano) são os profissionais que mais deveriam dar esse apoio emocional e técnico as dificuldades na amamentação: os pediatras!

- Por não conhecerem outras formas de auxiliar uma mulher que enfrenta dificuldades no aleitamento?
- Por só conhecerem a prescrição de formulas lácteas como estratégia para lidar com as dificuldades iniciais da amamentação e ganho de peso do bebe?

Sei bem o quanto é dada pouca importância, em geral no currículo das faculdades de medicina e das residências médicas em pediatria, já que pouco tempo é dedicado ao tema. Não  conheço muito o currículo de outras graduações em áreas ligadas a assistência ao binômio mãe-bebe, mas imagino que em geral ocorra a mesma escassez de conteúdo ou quando tem, essa formação em manejo clínico de Aleitamento Materno não seja tão valorizada.

É difícil acreditar, mas sim, um neonatologista (parte da Pediatria que cuida dos bebês do nascimento aos 28 dias de vida) pode não ser um especialista em amamentação. Por outro lado, tanto o pediatra como o pediatra neonatologista, têm o poder de receitar formulas lácteas como complemento ou em substituição, quando estas dificuldades aparecem.

Esperamos que isso esteja mudando no Brasil, já que somos reconhecidos como referencia mundial em Aleitamento Materno. Creio que não progredimos mais em um cenário onde muitas vezes, as indústrias de fórmula lácteas tem papel muito importante na formação técnica desses profissionais de saúde.



A Semana Mundial de Aleitamento Materno -SMAM- deste ano tem como tema :

Construindo alianças para proteger o aleitamento materno, pelo bem comum, sem conflitos de interesse.

Muito interessante que se discuta saúde versus conflitos de interesse. Tem sido uma questão cada vez mais presente nas nossas vidas pessoais e profissionais. Temos como sociedade nos perguntado cada vez mais sobre quais são nossos verdadeiros valores e qual melhor caminho a seguir. Como sustentar financeiramente uma campanha pró aleitamento sem depender de indústrias que lucram quando esse aleitamento não dá certo. Seria possível? Novamente fica a pergunta, mas a principio me arrisco a dizer que neste lugar ficam claros os conflitos de interesse.

Por esse motivo estamos buscando novos caminhos!

Em julho, tive o prazer de ministrar um módulo na primeira pós graduação brasileira de especialização em amamentação. Fiquei encarregado de discutir uma miscelânea de temas, como paternidade, casais homoafetivos, aleitamento e internet, volta ao trabalho. Partimos do principio que estávamos numa miscelânea enquanto grupo de trabalho e estudo. Varias profissões, varias cidades representadas, diferentes histórias de vida, muitas possíveis verdades envolvidas.

Tudo muito bonito e muito rico. Conseguimos trocar olhares e opiniões, coexistindo nessas várias possíveis verdades e olhares. Fica aqui um trecho do depoimento da especialista Cynthia Costa Borba, com a promessa de contar mais um pouco sobre essa jornada emancipadora para profissionais de múltiplas áreas rumo à promoção e apoio integral do aleitamento materno! Fica aqui o registro de um processo longo e muito especial dessa turma de especialistas em aleitamento materno.
Parabéns !!!



"Uma parceria de almas entrelaçados por uma única causa, proporcionar para maior gama de bebês possível o melhor alimento do mundo: LEITE MATERNO. Foram dois anos de história, amizades eternas, aprendizado vasto, grandes mestres, novos conceitos, ampliar nossa zona de conforto e uma miscelânea gigante de conhecimento. E como não poderia deixar de ser, o tema do último módulo foi esse: Miscelânea, ministrado pelo querido professor Carlos Eduardo Correa, representando muito bem todas nós, cada qual com sua profissão, cada realidade de trabalho, cada vivência do dia-a-dia construiu as profissionais que somos hoje, e os PRIMEIROS especialista em Aleitamento Materno do Brasil e em cada lugarzinho desse pais temos espalhados hoje um pedacinho de nós, seja em um cidadezinha do interior de São Paulo como Assis ou no Distrito Federal. 
Nossa marca estará lá.

E com isso estamos certos de jamais estarmos sós.
Gratidão eterna por fazer parte dessa turma linda!"



segunda-feira, 24 de julho de 2017

O desmame pertence à mulher e ao bebê, e não ao médico

O assunto que me tocou foi aleitamento materno prolongado.
Hoje estava lendo que uma médica famosa "recomendou que as mulheres não usassem o peito como forma de confortar seus filhos e que o peito fosse oferecido como forma de alimentar as crianças". 

Imediatamente pareceu que essa seria uma boa estratégia da industria do leite artificial, criar uma campanha assim : 

"Aleitamento materno como forma de alimentar (nutrir fisicamente) seu filho e todo malefício que outras funções da amamentação trariam, como causar dependência emocional e, portanto, um filho inseguro! Ha risco para mulheres que amamentam criarem filhos dependentes e inseguros!"

Que confusão imensa esta criada mais uma vez!

Desvalorizar esta corporalidade que está envolvida desde a concepção, gestação e parto, que naturalmente se prolonga através da amamentação é a grande sacada da industria do leite. 

Se for possível desqualificar esse colo que nutre emocionalmente e fisicamente fica mais fácil banalizar a importância do aleitamento materno como estratégia de fortalecimento de vínculos entre a mãe e seu bebe. 

E quando definimos que há uma idade cronológica na qual esta relação prejudica o desenvolvimento da criança, como se as mulheres que não amamentam não passassem pela dificuldade de encorajar o desligamento de seus filhos e de suas conquistas de autonomia simplesmente por não darem o peito. 

Estamos desqualificando este aleitamento.

Foto: Various Brennemens

A outra dificuldade que aparece na formação médica é a idade em que esse aleitamento tem que acabar. Como é frequente encontrar falas de médicos definindo tempos cronológicos para o desmame. 

Aniversario de 1 ano. Presente ? Desmame.

Aniversario de 2 anos. Presente ? Desmame.

Amamentar continua sendo um ato heróico e revolucionário!

É muita pressão contra e o TABU da amamentação prolongada ainda povoa o imaginário das populações urbanas como causa de todos os males da humanidade.

Deixo aqui minha sugestão de que o desmame pertença a mulher e a criança no momento que para um dos 2 ou para ambos não fizer mais sentido. 

Deixo também a reflexão que marcadores cronológicos como 6 meses, 1 ano, 2 anos ou seja la qual for, não deveriam permear a relação desses 2 indivíduos (mãe/ bebê) nas suas singularidades. 

E deixo aqui a sugestão que médicos famosos não deem palpites sobre assuntos tão difíceis e delicados como a qualidade da relação de uma mulher com seu bebê.





segunda-feira, 17 de julho de 2017

Pediatra Cacá fala sobre os primeiros dias de vida do bebê - Ao Vivo para a Revista Crescer

Pediatra Cacá fala sobre os primeiros dias de vida do bebê



O que acontece com seu filho logo depois que ele nasce e quais são os principais cuidados? Cacá esteve na redação da Revista Crescer para responder questões dos internautas e conversar sobre a chegada do bebê e os cuidados pós parto!