quinta-feira, 13 de junho de 2013

Que pressa é essa?

Imagem: Google 

Por Rosely Sayão - Publicado em 11/06/2013 - Folha de São Paulo

Tenho recebido muitas mensagens de mães e de pais com dúvidas sobre qual é a melhor época para começar a tirar as fraldas dos filhos e como dar o primeiro passo. Vamos conversar a esse respeito, já que essa parece ser uma questão aflitiva para quem tem filho pequeno.

Uma mãe me escreveu dizendo que ela gostaria de esperar a filha dar sinais de que está pronta, mas a escola a chamou para informar que eles já vão começar a tirar a fralda e a instruíram sobre o que ela deve fazer em casa.

Uma leitora, cujo primeiro filho tem agora dois anos, conta que não aguenta mais ouvir tanta gente perguntar quando ela vai tirar a fralda do garoto. Por outro lado, uma avó confidencia que acha os métodos atuais para ensinar a criança a ir ao banheiro inadequados. São boas as questões, não? Então vamos a elas.

O que eu li, nas linhas e nas entrelinhas das mensagens desses pais, é que eles se sentem pressionados. Fiz até uma comparação entre eles e quem tem filhos em época de entrar em faculdade. Parece, caro leitor, que são os pais que estão em prova nesse momento. Vamos manter a calma porque, nos dois casos, trata-se da vida dos filhos e de situações que eles devem resolver --com a nossa ajuda, claro!

Não há tempo certo nem para começar nem para terminar esse processo; não há método mais ou menos adequado; não há receita. E sabe por quê? Porque não se trata apenas de controlar alguns músculos do corpo para conter o xixi ou o cocô; trata-se também de desenvolvimento pessoal, disponibilidade para o crescimento, tipo de relacionamento com a mãe e muito mais.

A criança costuma dar sinais claros de que ela quer aprender a usar o banheiro. Os pais não precisam se preocupar tanto. O que não podemos é antecipar o processo. Recentemente eu assisti a uma reportagem em que pais colocavam o filho de meses para fazer xixi fora das fraldas. Será que essa criança irá debutar --me perdoe usar esse conceito antigo-- aos cinco anos? Que pressa é essa? Vamos respeitar o desenvolvimento de nossas crianças!

Bem, mas quando a criança costuma dar esses sinais? Quando já controla melhor os músculos de seu corpo, o que podemos observar, por exemplo, quando ela consegue correr ou subir alguns degraus de escada. Além disso, quando ela se interessa pelo uso do banheiro.

Talvez esse seja o melhor indicativo para iniciar o processo com a criança. Quando ela pergunta do uso do banheiro, pede para ir, quer ficar por lá mais tempo, por exemplo. Quanto mais natural for o processo, melhor para a criança.

Os pais não devem atrapalhar. Para isso, precisam munir-se de calma e paciência. A criança nem sempre vai acertar, e, mesmo depois de os pais acharem que ela já aprendeu, ela vai querer usar o banheiro quando tiver vontade, não quando os pais quiserem. E mais: ganhar prêmios por fazer a coisa que os pais julgam certa confunde a criança.

Esse é um momento importante, quando a criança conquista mais independência em relação ao seu corpo e adere de modo ativo ao estilo de vida adulto e de sua família.

Quando a criança se nega a largar a fralda, embora nada em seu organismo a atrapalhe, é interessante refletir sobre quais motivos ela tem para recusar o estilo de vida que ela observa em casa e na escola.


Rosely Sayão, psicóloga e consultora em educação, fala sobre as principais dificuldades vividas pela família e pela escola no ato de educar e dialoga sobre o dia-a-dia dessa relação. Escreve às terças na versão impressa de "Equilíbrio".




segunda-feira, 10 de junho de 2013

"Nós supervalorizamos a independência"

Crianças precisam de toque e atenção
Em tradução livre por Mamatraca

A prática americana do "deixa chorar" pode levar à mais medos e lágrimas quando as crianças atingem a fase adulta, de acordo com dois pesquisadores da Harvard Medical School.
Ao invés de deixar seus bebês pequenos chorando, os pais deveriam mantê-los próximos, consolar suas lágrimas e levá-los junto para suas camas, onde podem se sentir seguros, dizem Michael L. Commons e Patrice M. Miller, pesquisadores do departamento de Psiquiatria. 
A dupla examinou modelos de criação de filhos nos Estados Unidos e em outras culturas e diz que a amplamente divulgada prática Americana de colocar bebês para dormir em camas separadas, ou quartos separados dos pais, e não responder prontamente aos seu choro pode levar a incidentes de stress pós traumático e síndrome do pânico quando essas crianças atingem a idade adulta.
O stress precoce resultante da separação causa mudanças no esquema cerebral dos bebês pequenos que faz com que os futuros adultos se tornem mais suscetíveis à stress, dizem Commons e Miller.
"Pais precisam reconhecer que deixar os bebês chorando sem necessidade pode causar danos permanentes," diz Commons. "Altera o sistema nervoso, causando uma sensibilidade maior à futuros traumas."
O trabalho desses pesquisadores é único porque tem uma abordagem multi disciplinar, examinando as funções cerebrais, aprendizado emocional em bebês pequenos e diferenças culturais, de acordo com Charles R. Figley, diretor do instituto de Traumatologia na Flórida State University, e editor do "The Journal of Traumatology".
"É muito incomum, mas extremamente importante encontrar esse tipo de relatório multidisciplinar e interdisciplinar que que aborda as diferenças interculturais na resposta emocional das crianças, e suas habilidades para lidar com stress, incluindo stress pós-traumático." diz Figley
Figley diz que o trabalho dos pesquisadores de Harvard ilumina um caminho para estudos futuros, e pode ter implicações para um leque de práticas: desde os esforços parentais para estimular o desenvolvimento intelectual em bebês pequenos até a circuncisão.
Commons é palestrante e pesquisador do Medical School's Department's Of Psychiatry desde 1987 e membro do Department's Program in Psychiatry and the Law.
Miller é uma pesquisadora associada do mesmo programa desde 1994 e professora assistente de psicologia na Salem State College desde 1993. Mestra e Doutora em desenvolvimento humano pela Graduate School of Education.
O casal diz que as práticas americanas de cuidado com crianças são influenciadas pelo medo de que elas se tornem dependentes. Mas insistem que os pais estão no caminho errado: contato físico e conforto farão crianças mais seguras e mais aptas a desenvolverem relacionamentos adultos quando elas finalmente estiverem por conta própria.
"Nós super valorizamos a independência de forma que há efeitos colaterais muito negativos," diz Miller.
Ambos ganharam atenção em Fevereiro, quando apresentaram suas ideas no encontro anual da American Assiciation for the Advancement of Science's, na Philadelphia.
Commons e Miller, usando dados que Miller compilou, contrastou o modo americano de cuidado de infantes com outras culturas, em especial os Gusii do Kenya. Mães Gusii dormem com seus bebês e respondem prontamente ao seu choro. Mães Gusii ficaram contrariadas com o tempo que levava à mães americanas para atenderem ao choro de seus bebês, quando assistiram à videos expostos pelos pesquisadores.
O jeito que somos criados desde o nascimento dá cores à nossa sociedade. Americanos em geral não gostam de ser tocados, e orgulham-se de sua independência à ponto de isolamento, mesmo quando passam por momentos de stress ou dificuldade.
Apesar do senso comum de que bebês deveriam aprender a permanecer sozinhos, Miller diz que muitos pais "roubam," mantendo o bebê no mesmo quarto que eles, pelo menos no início. Depois disso, à partir do momento que aprendem a se locomover é natural que os próprios bebês procurem por si só os pais para segurança.
Pais e mães não deveriam se preocupar com esse comportamento como sendo algo negativo, ou ter medo de tratar bebês como bebês, dizem os pesquisadores. Pais precisam se sentir livres para dormir com seus filhos, carregá-los no colo, mantê-los por perto, e oferecer conforto imediato ao seu choro.
"Há outras formas de crescer e ser independente sem ter que passar por esse tipo de trauma." diz Commons. "Meu conselho é manter as crianças seguras, para que aprendam a escolher os riscos que querem correr quando crescerem."
Além de medo da dependência, a dupla confirma que outros fatores ajudaram a formar esse modelo de criação, incluindo o medo de que crianças em criação apegada interferem na vida sexual dos pais, e o medo dos médicos de que pais poderiam por exemplo sufocar seus filhos durante a prática de cama compartilhada. Em adição à isso, o crescente  progresso financeiro das famílias ajudou a criar casas com mais cômodos, com finalidade exclusiva de separar as crianças dos pais.
O resultado, dizem Commons e Miller, é uma nação que não gosta de cuidar pelas próprias crianças, uma nação violenta marcada por relacionamentos frouxos e distantes.
"Eu acho que há uma resistência real nessa cultura do cuidado à criança,"diz Commons. "Mas punição e abandono nunca foram formas de criar pessoas cuidadosas e independentes."




quinta-feira, 6 de junho de 2013

Bebês dormem em caixa de papelão na Finlândia

Bebês de todas as classes sociais dormem em caixas de papelão na Finalândia
Há 75 anos, todas as mulheres grávidas na Finlândia recebem um kit de maternidade do governo. O kit inclui uma caixa com roupas, lençóis e brinquedos, e a ideia é que a própria caixa seja usada como cama durante os primeiros meses de vida do bebê.

Muitos acreditam que o kit ajudou a Finlândia a alcançar uma das mais baixas taxas de mortalidade infantil do mundo.

É uma tradição com origem na década de 1930, e desenvolvida para dar a todas as crianças na Finlândia um começo de vida igual, independente da classe social.

O kit de maternidade é um presente do governo, e está disponível para todas as gestantes.

Ele contém macacões, um saco de dormir, roupas de inverno, produtos de banho para o bebê, assim como fraldas, roupas de cama e um pequeno colchão.

Com o colchão no fundo, a caixa torna-se a primeira cama do bebê. Muitas crianças, de todas as classes sociais, têm seus primeiros cochilos dentro da segurança das quatro paredes da caixa de papelão.

Acompanhamento pré-natal para todos

As mães podem escolher entre receber a caixa, ou uma ajuda financeira, que atualmente é de 140 euros (390 reais), mas 95% optam pela caixa, pois vale muito mais.

A tradição começou em 1938, mas inicialmente o sistema só estava disponível para as famílias de baixa renda. Mas isso mudou em 1949.

"A nova lei diz que para receber o kit ou o dinheiro, as gestantes têm que visitar um médico ou uma clínica pré-natal municipal antes do quarto mês de gestação," disse Heidi Liesivesi, que trabalha no Kela, o Instituto de Seguro Social da Finlândia.

Na década de 1930, a Finlândia era um país pobre e a mortalidade infantil era alta - 65 em 1.000 bebês morriam. Mas os números melhoraram rapidamente nas décadas que se seguiram.

Mika Gissler, professora do Instituto Nacional para Saúde e Bem-Estar em Helsinque, acredita que o kit de maternidade e os cuidados pré-natal para todas as mulheres introduzido na década de 1940, um sistema de seguro de saúde nacional, e um sistema central da rede hospitalar na década de 1960 foram fundamentais para reverter essa situação.

As mães mais felizes do mundo

Aos 75 anos de idade, o kit é agora uma parte estabelecida do rito finlandês de passagem para a maternidade, unindo gerações de mulheres.

"É fácil saber em que ano os bebês nasceram, porque as roupas do kit mudam um pouco a cada ano. É bom comparar e pensar: 'Ah, aquele menino nasceu no mesmo ano que o meu'", diz Titta Vayrynen, de 35 anos, mãe de dois filhos pequenos.

Para algumas famílias, o conteúdo da caixa seria inviável se não fosse gratuito.

"Um relatório publicado recentemente dizia que as mães finlandeses são os mais felizes do mundo, e na hora eu pensei na caixa. Somos muito bem cuidados pelo governo, mesmo agora, que alguns serviços públicos sofreram pequenos cortes", diz ela.

O conteúdo da caixa mudou muito ao longo dos anos, refletindo a mudança dos tempos.

Símbolo de igualdade

"Os bebês costumavam dormir na mesma cama que os pais, e foi recomendado que esse costume acabasse", disse Panu Pulma, professor de História Finlandesa e Nórdica da Universidade de Helsinque. "Incluir a caixa no kit serviu como um incentivo para os pais colocarem os bebês para dormir separados deles."

Em um certo momento, mamadeiras e chupetas foram removidos para incentivar o aleitamento materno.

"Um dos principais objetivos de todo o sistema era fazer com que as mulheres amamentassem mais", diz Pulma,"e funcionou".

Ele também acha que incluir livros infantis teve um efeito positivo, encorajando as crianças a segurar os livros, e, um dia, lê-los.

Pulma acredita que a caixa é um símbolo. Um símbolo da ideia de igualdade, e da importância das crianças.



quarta-feira, 5 de junho de 2013

O não fazer pode ser tão técnico como o fazer!

Foto: arquivo
Por Carlos Eduardo Corrêa, o Cacá, pediatra e neonatologista.

Foi mágico em São José dos Campos/SP, um Simpósio de Humanização de Parto e Nascimento.

Pude falar pela primeira vez que a escolha informada de não pingar colírio, de não aspirar bebês e de não dar vitamina k injetável pode ser tão técnica quanto o de fazer. Quem inventou que humanização dos cuidados do bebê é isso?

Socorro! Tem tanta coisa maior.
Será que às pessoas não percebem que a sagração maior está em facilitar a construção de uma família?
Mas vamos lá!
Continuo na luta...

Minha paixão pelos bebês me deu um novo olhar sobre o nascimento. Entendo cada vez mais quantas sensações e emoções surgem para um bebê após o parto e como suas mães podem ficar envolvidas com este início de vida de seus filhos. Mulheres assustadas com suas emoções no pós-parto poderiam ouvir e aprender que o caminho para a construção de vínculo entre os dois pode passar por uma conexão mágica que ira permitir sentir o que seu bebe sente para compreender e ajudar melhor.as vezes nao sao emocoes tao prazerosas
portanto acho que quando surgem emocoes intensas no pos parto surge um forte vinculo entre os dois que merece ser celebrado, quando nao é combatido.
nasce uma mae, nasce um bebe, consagra-se o amor
isso nao é lindo?
irá permitir que seu bebê sinta para compreender e ajudar melhor. Às vezes não são emoções tão prazerosas portanto, acho que quando surgem emoções intensas no pós-parto surge um forte vínculo entre os dois que merece ser celebrado, quando não é combatido.

Nasce uma mãe, nasce um bebê!
Consagra-se o amor! Não é lindo?