segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Como avaliar se o sling de argola é de qualidade


São todas argolas, mais será que posso usá-las em slings?

O sling de argola é um “xale” de mais de dois metrôs com duas argolas presas em uma das suas extremidades, que pode ser usado em variadas posições com crianças de 0 a 3 anos ou até 20 quilos (embora seja bem difícil, na prática, carregar uma criança com este peso).
 
É difícil escrever como deve ser um sling de argolas perfeito. Mas é possível escrever como esse sling não pode ser.
 
Nas slingadas, encontros mensais em que ofereço consultoria gratuita de carregadores, já apareceram diversos tipos de slings. Alguns, de péssima qualidade.
 
Isso me preocupa muito e me motivou a listar alguns cuidados importantes na hora de escolher o seu sling de argolas. Afinal de contas, isso diz respeito a segurança e conforto para você e seu filho.
 
Alguns itens muito importantes devem ser observados no sling de argola:
 
 - A argola deve estar bem presa no carregador, pois a costura pode abrir com o tempo.
 
- A argola não pode ter emendas sem soldas e nem mal acabadas, porque sem solda, ela pode abrir a qualquer momento; e a solda mal acabada pode rasgar o tecido sem você perceber.
 
- A argola deve ter um diâmetro e uma espessura adequados para a finalidade. Argolas finas não travam o tecido, podendo fazê-lo afrouxar.
 
- A argola não pode ser de plástico, acrílico ou madeira. A de plástico não foi feita para uso com o sling e não aguenta o peso do bebê. Além disso, pode quebrar a qualquer momento sem dar sinais.
 
- A argola não pode ser achatada ou quadrada. A finalidade da argola no sling não é só travar o tecido, mas também facilitar o ajuste de acordo com a posição que a mãe quer carregar o bebê. A argola achatada trava o sling, dificultando o ajuste.
 
Um pouco mais sobre as argolas
Em seguida, você encontra indicações e contra-indicações detalhadas de cada tipo de argola, de acordo com o material de que são feitas. Em resumo, podemos listá-las assim:


ARGOLAS CONTRA-INDICADAS: de madeira, acrílico, de ferro niquelado, cromado ou zincado, e plástico.

ARGOLAS COM INDICAÇÃO RESTRITA: de aço inox com emendas; ou achatadas, ainda que inteiriças.

ARGOLAS ALTAMENTE RECOMENDADAS: De nylon, nacionais ou importadas; de aço inox sem soldas ou emendas (cilíndricas); de alumínio importadas.

Lembre-se: as costuras devem ser reforçadas e bem feitas. Os tecidos devem ser resistentes e de boa procedência. Existem tecidos baratos - alguns chineses e coreanos - que não recomendamos. Preferimos e utilizamos tecidos produzidos no Brasil.
 
ARGOLAS DE ACRÍLICO ou PLÁSTICO:

FINALIDADE: São usadas em aviamento, para roupas, bijuterias, bolsas, trabalhos de artesanato, etc.... SÃO IMPRÓPRIAS PARA A CONFECÇÃO DE SLINGS.
 
DESVANTAGENS: Extremamente frágeis. Podem ser encontradas em papelarias e armarinhos e são bem baratas.
Argola de Plástico (QUEBRA)
Argola de acrílico (QUEBRA)
ARGOLAS DE MADEIRA:
FINALIDADE: Para uso em cortinas e artesanato. SÃO IMPRÓPRIAS PARA A CONFECÇÃO DE SLINGS.
DESVANTAGENS: Frágeis e perigosas, elas estragam com facilidade, se molhadas. São facilmente encontradas em lojas de cortinas, artigos de artesanato, armarinhos em geral e são bem baratas.
Argola de madeira (QUEBRA)
ARGOLAS DE FERRO:
FINALIDADE: Inúmeras finalidades por ser resistente, principalmente na construção civil, acessórios para cavalos, etc... tem variados diâmetros, espessuras, com emendas ou não. SÃO IMPRÓPRIAS PARA A CONFECÇÃO DE SLINGS.
DESVANTAGENS: Oxidam (enferrujam). São pesadas e, se niqueladas, podem descascar e ser ingeridas (o níquel é tóxico). São facilmente encontradas em armarinhos e também são baratas.

CONSIDERAÇÕES: Muitas argolas aparentemente adequadas, e até bonitas, são na verdade, feitas de ferro. São geralmente revestidas por uma camada de níquel, zinco ou cromo, que são metais pesados, tóxicos, mas que dão a aparência brilhante e bonita à argola. Com impactos, esta camada geralmente se solta da argola, descascando. O lugar descascado fica desprotegido e enferruja em contato com a água.

DICA: Uma dica para saber se a argola é feita de ferro é aproximá-la de um ímã. Se o ímã gruda, a argola pode ser linda, mas é de ferro e desaconselhamos o uso.

  Argola de ferro


ARGOLAS DE AÇO INOX COM EMENDAS

FINALIDADE: resistentes, pesadas e não enferrujam. São usadas em acessórios de cavalaria, arreios, indústria, etc.. De boa procedência sendo bem acabadas, são apropriadas para uso em slings.

DESVANTAGENS: depende da emenda. Geralmente são soldadas, e a qualidade desta solda é que vai definir se a argola é resistente. E também a maneira como foi feita a solda. São um pouco pesadas.
DESVANTAGENS: As achatadas travam o sling com mais propriedade do que as argolas cilíndricas. Travam até demais, dificultando o ajuste durante o uso. Esta dificuldade de ajuste faz com que a pessoa force mais o tecido, podendo até danificá-lo, principalmente se o uso e as tentativas de ajuste forem muito constantes.
CONSIDERAÇÕES: As argolas achatadas funcionam como fivelas, sendo mais fácil folgar o tecido durante o uso do sling do que apertá-lo. É mais complicado difícil retirar a criança do sling para realizar os ajustes, então as pessoas acabam ajustando mal o tecido, tornando o uso desconfortável. Além disso, se o tecido estiver folgado demais, a criança não fica segura. Algumas pessoas desistem de usar o sling por conta disto.
Aço inox achatada
ARGOLAS DE AÇO INOX SEM EMENDAS
VANTAGENS: Muitas. Extremamente seguras. Brilhantes, realmente muito bonitas. 100% lisas, facilitam o deslize dos tecidos durante os ajustes.
DESVANTAGENS: São poucos fabricantes no Brasil que produzem estas argolas, então o acesso é bem restrito. Algumas pessoas acham pesadas.
CONSIDERAÇÕES: Se o fabricante de slings que você contatou utiliza estas argolas, pode ter certeza de que se trata de um excelente produto e de que a escolha das matérias primas é realmente criteriosa.
ARGOLAS DE ALUMÍNIO
VANTAGENS: geralmente são produzidas nos Estados Unidos por uma empresa que as exporta para fabricantes de slings no mundo inteiro. São feitas exclusivamente para este fim, e o fabricante dispõe de laudos técnicos atestando a resistência delas mediante testes de laboratório. São muito bonitas e possuem um brilho fosco. São leves e resistentes. Suas dimensões e características são consideradas ideais.
DESVANTAGENS: O preço. A compra é feita em dólar, e sofre as sua variações de valor. Além disto, tem os impostos e taxas alfandegárias, que são repassadas ao produto.
CONSIDERAÇÕES: São, sem dúvida, uma excelente opção e altamente recomendadas, mas muitos fabricantes buscam alternativas igualmente seguras, visando tornar o preço do sling um pouco mais acessível.
ARGOLAS DE NYLON INJETADAS
O QUE É NYLON? O nylon é um polímero amplamente utilizado na indústria. Com o nylon, fabricam-se tecidos, linhas de pesca, cordas para violão, parafusos e engrenagens para a indústria e linhas para sutura em cirurgias, pois é um material extremamente resistente ao desgaste e tracionamento, além de ser inerte ao organismo (atóxico). Usado também em pára-quedas, cintos de segurança, equipamentos de rapel e alpinismo. Nylon é nylon, e plástico é plástico: coisas bem distintas!
VANTAGENS: Muitas! São leves, muito resistentes, atóxicas, duráveis, laváveis, podem ser encontradas em diversas cores.
DESVANTAGENS: Fabricação restrita, preço alto.

CONSIDERAÇÕES: Altamente confiáveis, sejam nacionais ou importadas (em geral, do mesmo fabricante de argolas de alumínio norte-americano). O nylon é injetado em formas cilíndricas e, por esta razão, as argolas são inteiriças.
Aço inox sem emendas
Argola de Alumínio Importada
 
 

Argola de Nylon



Fonte: http://slingada.blogspot.com.br/

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Colo dos pais condiciona emoções do bebê


Contato carinhoso diminui problemas como ansiedade e até depressão
POR MINHA VIDA - UOL

Desde cedo, a sensação que ele desperta é do maior acolhimento, proporcionando conforto e segurança capazes de aliviar sofrimentos, estimular a delicadeza e a troca sincera de afeto. O carinho dos momentos em que a criança passa no colo da mãe e do pai permanece na memória para a vida a toda, mesmo que esta recordação não apareça com imagens na lembrança - trata-se de uma sensação armazenada na memória do corpo e que funciona como um analgésico poderoso para os momentos difíceis ao longo da vida.
 
Um estudo feito pelo Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Havard (Estados Unidos) descobriu que bebês e crianças que tinham esse tipo de contato com os pais eram adultos mais protegidos contra ansiedade e doenças como depressão. Os resultados foram publicados no periódico The Harvard University Gazette. Os benefícios, no entanto, são bem mais numerosos do que você pode imaginar quando fecha os olhos e esquece tudo redor para abraçar o seu filho bem juntinho, os especialistas revelam tudo.

Deixa o bebê tranquilo

Os bebês sentem-se em casa no colo da mãe ou do pai, pois ainda guardam uma semelhança com a sua posição e proteção intrauterina. "Isso ajuda a diminuir o choro e deixar o bebê menos estressado, principalmente no caso de um recém-nascido que precisa passar um tempo na UTI (e longe da mãe) logo ao nascer", diz a pediatra e neonatologista Camila Reibscheid, do Hospital São Luiz, em São Paulo. "Dar colo para o bebê durante a noite também pode ajudá-lo a ter um sono melhor e mais tranquilo."

Melhora a digestão

Segundo o pediatra Vanderlei Wilson Szauter, do Hospital e Maternidade São Cristóvão, em São Paulo, o bebê fica mais tranquilo no colo da mãe, e isso faz com que todas as funções fisiológicas funcionem melhor. "Os movimentos intestinais da criança são impulsionados com o calor do corpo da mãe, fator que pode inclusive prevenir as cólicas", afirma.

Alivia as cólicas

Se o bebê começar a sofrer com cólicas, uma das alternativas é colocá-lo para amamentar ou então apenas mantê-lo junto do corpo. "O calor do colo aquece a barriga do bebê e relaxa sua musculatura, diminuindo a dor", afirma a pediatra Camila.

Melhora o desenvolvimento dos sentidos

A proximidade com a mãe ou com o pai faz com que o bebê desenvolva com mais facilidade suas funções cognitivas e os sentidos como visão, audição e tato. "Ouvir os batimentos cardíacos e a voz da mãe ou do pai, sentir a pele da e manter o contato visual faz com que a criança exerça seus sentidos, que se desenvolvem com mais facilidade", diz Camila Reibscheid.

Diminui qualquer tipo de dor

Uma pesquisa feita pelo Departamento de Pediatria da Unifesp e publicada no periódico da Universidade constatou que o colo da mãe pode diminuir a sensação de dor que o bebê sente em intervenções doloridas, como uma vacina.

"Isso acontece porque existe uma área do cérebro que é ativada quando se recebe carinho, liberando descargas elétricas aptas a diminuir a sensação de dor", afirma o pediatra Vanderlei. "O simples contato com a pele da mãe já pode ajudar a atenuar qualquer sensação dolorosa."

Ajuda no desenvolvimento de bebês prematuros

De acordo com os especialistas, é muito comum em hospitais existir o método "mãe canguru" ou "pele a pele" para bebês prematuros, que precisam ficar na UTI. Nesse sistema, os pais podem entrar na UTI e entrar em contato com o bebê que está dentro da incubadora, tocando na pele da criança pelo tempo acordado com o médico. "Se o bebê estiver em condições clínicas estáveis, os pais poderão fazer a posição canguru, que consiste no bebê ficar em contato direto com o peito nu do pai ou da mãe", explica a pediatra Camila. "Isso ajuda a acelerar o metabolismo do bebê, contribuindo para o seu crescimento e ganho de peso, tão importantes para o bebê prematuro." 

Previne doenças no futuro

"O colo faz com que a criança se sinta mais segura de si, mais acolhida, e é essa segurança que vai fazer com que ela amadureça mais rápido", afirma a pediatra Camila. De acordo com a especialista, dar colo para o bebê e para a criança mostra que ela está cercada de proteção. "Isso faz com que ela amadureça e crie coragem para encarar a própria vida no futuro sem medo ou insegurança", diz. De acordo com os pesquisadores de Harvard, o estresse precoce resultante da separação e da falta de colo causa mudanças no cérebro infantil, tornando-os adultos mais suscetíveis a doenças como depressão, ansiedade e estresse pós-traumático.  

Fonte: http://aleitamento.com/noticias/conteudo.asp?cod=1723
 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Desmame Noturno

Foto: Luana e a Felipa de 1 ano (Arquivo)
Nosso desmame noturno (meu e da Felipa)
 
Felipa nunca foi um bebe que dormia muitas horas seguidas, sempre mamou muito, de dia e de noite, mas com uns três meses começou a dormir umas 4 a 6 horas seguidas. Isso durou até os cinco meses quando de repente ela começou a acordar de hora em hora.
 
Aí comecei a pesquisar sobre o sono dos bebês, já que estava muito difícil passar as noites todas em claro e trabalhar no dia seguinte.
 
Li muito conversei com muita gente e no começo achei que era fase, que podia ser os dentes, que podia ser salto... Sei lá, mas os meses passavam e ela continuava acordando de hora em hora.
 
Com uns 8 meses ela começou a não querer mais nem ir pro berço, aí resolvemos tirar o berço! Compramos um colchão de casal e ela passou a dormir lá. Só isso já ajudou bastante, já que podia ficar do lado dela nos dias mais difíceis, mas ainda assim eu precisava dormir, estava muito cansada e com a imunidade no pé.
 
Quando entramos de ferias eu e meu marido decidimos tentar o desmame noturno. Detalhe, já havíamos tentado uma vez, mas não deu certo. Ela chorou muito e desistimos. Acho que nenhum de nós estávamos prontos.
 
Antes de começar o processo li umas 10 vezes as mensagens de uma amiga, que me contou como foi o desmame deles e então elaboramos o nosso plano, pensamos como seria, quais as expectativas, quem faria o que e começamos... Acho que o mais importante foi estar certa de que é isso queríamos  e de que seria melhor pra todo mundo, inclusive pra  Felipa. Eu repetia pra mim mesma e pra pequena o tempo todo. Isso é bom, é um aprendizado necessário, tem um objetivo e você consegue dormir a noite toda. Decidimos que o melhor pra gente seria: ela dorme as 20h e não sou eu que coloco ela na cama, pois estou trabalhando, então, decidimos que no começo como era eu estava de férias colocaria ela pra dormir (mama e dorme no peito), toda vez que acordasse até as 23h0 eu  daria peito, depois disso, até as 6h, meu marido que iria consola-la e peito só depois das 6h. As três primeiras noites meu marido pegava no colo e ninava, nas 3 seguintes, só abraçava e depois só conversava sem tocar muito... A idéia era ir distanciando cada vez mais, para que ela entendesse que não precisava da gente pra pegar no sono toda vez que acordava.
 
Algumas noites foram difíceis, ela chorou bastante, mas sempre acompanhada, sempre consolada. Nunca tivemos duas noites ruins seguidas, então fomos ganhando confiança. Até que ela começou a dormir a noite toda.
 
Durante o processo, tivemos algumas interferências e regredimos um pouco, uma porque ela ficou doente e outra porque meu marido ficou internado, mas assim que a coisa acalmava retomávamos o processo.
 
Hoje ela dorme às 20h, mama às 23h (dormindo mesmo) e acorda às 7h ou 8h. Quando eu saio às 6h dou mama pra ela dormindo, quando não tenho que trabalhar ela acorda e vem engatinhando até o nosso quarto. 
 
Apesar do medo do desmame, hoje sei que valeu muito a pena. Estamos todos descansados e ela mais disposta e sorridente do que nunca.


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O que é criação com apego?

Foto: Arquivo pessoal
Por Danielle Nordi- iG São Paulo

Depois de sofrer muito para desmamar o filho mais velho, Elena decidiu praticar a criação com apego.

O desmame de uma criança pode ser feito por volta dos seis meses de idade. Desde cedo o bebê deve aprender a dormir sozinho em seu próprio quarto. Evite pegar seu filho no colo sempre que ele começar a chorar para não mimá-lo muito. Certamente você já ouviu algum desses conselhos. Mas nem todas as mães concordam com essas orientações e tampouco pensam em colocá-las em prática.

Quando tive meu primeiro filho procurei métodos que me ajudassem a criá-lo. Eu o deixava chorando para que ele aprendesse a dormir sozinho e vi que aquilo tinha um custo muito alto. Sofria terrivelmente com aquela situação”, conta a espanhola Elena de Regoyos, 31, que vive no Brasil há pouco mais de três anos. Mãe de três crianças, Elena desmamou o primeiro, Adriano, aos seis meses. Sofreu muito e decidiu que com o próximo seria diferente.

Pesquisei e encontrei autores que falavam de um tipo de criação que fazia sentido para mim. Resolvi ouvir com mais sensibilidade as necessidades do meu bebê e entendi que a criança não é um ser manipulador. Ela apenas precisa de alguém”, diz. Elena teve outros dois filhos e hoje coloca em prática o que define, em suas próprias palavras, como “educação respeitosa”.

Criação com apego não é método

O que Elena chama de educação respeitosa vem se tornando conhecida no Brasil como “criação com apego”, uma tradução do que seria o “attachment parenting”, um movimento que ganhou nome e força com o pediatra americano William Sears duas décadas atrás. Sears defende alguns princípios, como amamentar sempre que o bebê pedir, sem necessidade de intervalos de tempo pré-definidos, deixá-lo dormir na cama dos pais, carregá-lo bem próximo ao corpo com o auxílio do sling e não ter uma idade limite para o desmame.

Antes de Sears, o psicólogo, psiquiatra e psicanalista John Bowlby propôs a teoria do apego, em meados de 1950, para explicar a formação do vínculo entre o bebê e seu cuidador, na maioria das vezes a mãe. Esse vínculo geraria consequências para o resto da vida. Dentro desta teoria seria fundamental que os pais estivessem emocionalmente disponíveis para criar o filho com um olhar mais sensível às suas necessidades.

A criação com apego não é um método. Ela não é um manual, não possui regras nem é uma técnica que ensina como criar os filhos. É um conceito amplo que envolve, sobretudo, a criação de pessoas seguras, autoconfiantes e empáticas, baseado no respeito aos comportamentos inatos de uma criança”, afirma Ligia Moreiras Sena, neurocientista doutora em neurofarmacologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Foto: Arquivo pessoal
Tamara ainda amamenta a filha de quatro anos: "é um momento especial para nós duas"

Ciência

Os adeptos da criação com apego recorrem à ciência para apoiar suas escolhas. Estudos internacionais mostram que o cuidado materno afetuoso na infância leva ao aumento de uma estrutura cerebral chamada hipocampo, envolvida no processamento da memória e do comportamento emocional.

Muitos estudos mostram que somos os arquitetos dos cérebros de nossos filhos. Construímos uma estrutura de paz e calma através da maneira que respondemos aos choros e às necessidades das crianças”, afirma Lu Hanessian, jornalista, educadora parental e autora do livro “Let the Baby Drive”.

O psicólogo australiano Robin Grille, autor dos livros “Parenting For A Peaceful World” e “Heart to Heart Parenting”, faz coro. “São mais de vinte anos de pesquisas que suportam os princípios do Dr. Sears. Temos um entendimento muito melhor hoje do que um bebê precisa e sabemos que devemos responder prontamente às suas necessidades porque eles não têm a habilidade de esperar”.

Amamentação e cama dos pais

Recentemente a revista americana TIME mostrou, em sua capa, uma mulher amamentando o filho de três anos. Responsável por opiniões conflitantes, a cena trouxe à tona o debate a respeito de uma idade limite para a amamentação. Segundo a criação com apego, ela não existe.

Eu pensava que seria esquisito amamentar até um ano de idade, mas acabei chegando ao terceiro ano naturalmente. Não era nada esquisito, era apenas nossa rotina”, conta Elena.

A obstetriz Tamara Hiller também encara com naturalidade a amamentação de crianças que já passaram dos dois anos de idade. “Minha filha tem quatro anos e meio e ainda mama de vez em quando, geralmente antes de dormir. É um momento especial para nós duas. Não sinto necessidade de desmamá-la. Vou deixar acontecer naturalmente. Esse fato pode ser chocante para outros, mas é muito natural para mim”.

Assim como ela, a bióloga Isabel Campos Salles Figueiredo, 30, foi muito além dos seis meses de amamentação. “Lara tem dois anos e meio e ainda mama. Descobri que não tinha que parar no sexto mês ao observar minha irmã. Ela me ensinou que o bebê pode sim mamar sob demanda e não devemos interromper esse processo até que a criança esteja pronta”.

Além da amamentação, Isabel também não vê problema em outro princípio da criação com apego: a criança dormir na mesma cama dos pais. “As pessoas pensam muito na vida sexual do casal e não é isso que importa. Tem muitas outras maneiras de namorar. Deixar seu filho dormir na sua cama não implica em abandono do sexo. A vida de um casal com criança muda, mesmo que ela não durma na mesma cama dos pais”, enfatiza.

Limites

A criação com apego diz respeito a bebês. Com os mais velhos temos que aprender a impor limites, claro. O bebê é uma criatura para quem você precisa dizer ‘sim’ o tempo inteiro. Mas para crianças mais velhas é preciso dosar ‘sim’ com ‘não’”, responde Robin Grille à crítica social feita aos pais que respondem prontamente a todas as necessidades dos filhos.

Existem diferentes formas de se ensinar uma criança a respeitar seus próprios limites e os dos outros. Geralmente os pais ensinam o ‘não’ pelo ‘não’. Isso não ensina limite. Ensina autoritarismo e medo. Não podemos menosprezar a capacidade das crianças. Os pais devem explicar as razões pelas quais a criança pode ou não fazer algo. Agindo assim, ensina-se não somente limites, mas a ouvir e ser ouvido, a respeitar e ser respeitado. Dessa maneira, é possível compreender porque essa forma de criação exclui veementemente a punição moral, física e psíquica”, defende Ligia.


Fonte: http://delas.ig.com.br/filhos/2012-05-18/o-que-e-attachment-parenting.html
 

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Introdução de Sólidos – por Dr. González

Foto: google/imagens
"Os conflitos entre a mãe o filho durante a amamentação ou uso de mamadeiras podem ser terríveis, mas ainda bem que são pouco frequentes. A introdução de alimentos sólidos é uma oportunidade nova de perigo e devemos trilhar este caminho com cuidado.
Para esclarecer, quando mencionamos “sólidos”, não nos referimos apenas aos alimentos oferecidos ao bebê com uma colher. Usaremos o termo para referir-se a qualquer comida além de leite humano ou leite modificado, mesmo água, chá ou comidas duras como biscoito.
Muitas mães encontram-se sobrecarregadas de informação a respeito de regras, grandes, pequenas e médias envolvendo alimentação de bebês. Elas recebem conselhos de pediatras e enfermeiros, algumas informações muito mais complexas e detalhadas que aquelas dadas pelos especialistas famosos, palpites de família e amigos, bem como as “conversas de comadre” que alertam sobre evitar comidas “reimosas” ou “incompatíveis”.
Incapaz de seguir todas as regras ao mesmo tempo, muitas vezes a mãe opta por rejeitar todas e fazer somente aquilo que ela quer. O risco é de que ela ignore as recomendações realmente importantes. Para evitar tal problema, vou diferenciar claramente entre as opções onde há um grau de consenso em relação à sua importância (baseadas numa combinação de normas internacionais) e aquelas sugestões que parecem úteis, embora outros profissionais possam ter opções diferentes.

Pontos Importantes
Tenha em mente os seguintes pontos, embora eles não devam ser tomados como dogma:

1. Nunca force uma criança a comer.
2. Amamente exclusivamente até 6 meses (sem papinhas, suco, água, chás, etc.).
3. Aos 6 meses, comece (sem forçar) a oferecer outros alimentos, sempre depois da mamada ao seio. Bebês não amamentados devem tomar 500ml de leite artificial por dia.
4. Introduza os alimentos um de cada vez, esperando uma semana entre comidas novas. Comece com quantidades pequenas.
5. Ofereça alimentos que contêm glúten (trigo, aveia, centeio) com precaução.
6. Quando cozinhar para o bebê, escorra bastante o alimento, evitando encher a barriga dele com água.
7. Espere até 12 meses de idade para introduzir alimentos altamente alergênicos (especialmente laticínios, clara de ovo, peixe, soja, amendoim e muitas outras comidas que já causam alergia em membros da família).
8. Não acrescente sal ou açúcar aos alimentos.
9. Continue amamentando por 2 anos ou mais.
Em algumas situações pode-se introduzir sólidos antes de 6 meses (mas nunca antes de 4): quando a mãe trabalha, por exemplo. Ou quando a criança claramente pede para ser alimentada agarrando o alimento e colocando-o na boca sozinha.

“Oferecer” significa que, se ele quiser comer, o bebê come, mas se não quiser, não come. Muitas crianças recusam tudo menos o seio até 8 ou 10 meses, muitas vezes mais.

Alimentos sólidos são oferecidos depois da amamentação, não antes, e certamente não em substituição à amamentação. Somente assim você tem certeza de que seu bebê tomará o leite de que precisa. Acredita-se que entre 6-12 meses, o bebê precise de cerca de 500 ml de leite por dia. Claro que isso é uma média, muitos tomam mais e outros ficam bem com menos. Uma criança que toma mamadeira pode facilmente ficar bem com 2 mamadeiras de 250 ml ao dia. Não é razoável, porém, esperar que um bebê amamentado tome 250 ml a cada 12 horas; os seios da mãe ficariam desconfortavelmente cheios. Faz mais sentido para bebês amamentados tomar 100 ml cinco vezes por dia, ou 70 ml sete vezes por dia. Certamente você não sabe (ou não sabia antes de iniciar os sólidos) quanto leite seu bebê mama; mas se ele é amamentado antes da oferta de sólidos, você fica tranquila sabendo que ele mama o que precisa.
Que comidas devo oferecer primeiro?
Não importa. Não há base científica que suporte a recomendação de um alimento antes de outro. Se você oferecer frutas primeiro, seguidas por cereal, depois frango, você estará seguindo as orientações da ESPGAN (Sociedade Européia de Gastroenterologia e Nutrição Pediátricas). Mas se você der frango, depois legumes e cereais por último, também estará dentro das normas.
Digamos que você decida começar com banana amassada. Depois da amamentação, ofereça ao bebê uma ou duas colheres. No primeiro dia é sempre melhor oferecer só um pouquinho, ainda que ele aceite bem. Se ele recusar a primeira colherada, não insista, mas continue oferecendo a cada um ou dois dias. Se ele aceitar bem, você pode aumentar a quantidade a cada dia. Depois de uma semana, você pode tentar outro alimento, como batata doce ou abacate. Na semana seguinte, pode oferecer um pouquinho de arroz. Cozinhe arroz (melhor ainda, cozinhe até virar papa), sem adicionar sal. Você pode adicionar azeite (ficará mais saboroso e terá mais calorias).
Esta ordem é só um exemplo, você pode inverter, se quiser. Claro, se alguma das comidas causar diarreia ou outros sintomas, ou se o bebê rejeita veementemente, é melhor esperar algumas semanas. Se uma reação mais severa é observada, como uma vermelhidão na pele, consulte o pediatra.
Também não é necessário introduzir uma comida nova a cada semana. Variedade significa um pouco de cereais, um pouco de legumes, um pouco de frutas – mas não é vital que o bebê coma muito de cada grupo. Maçãs não possuem nada diferente das peras e a maioria dos adultos vive bem comendo apenas dois tipos de ceral: arroz e trigo, deixando o resto para o gado. Se seu filho já come frango, você não estará acrescentando nada ao oferecer novilha. Antes de 1 ano, a introdução de muitos alimentos diferentes somente significa comprar mais bilhetes para a loteria da alergia.
A razão principal de oferecer outros alimentos ao bebê com 6 meses (e não depois) é que alguns bebês precisam de ferro extra. Portanto, seria lógico que comidas ricas em ferro fossem introduzidas primeiro. Por um lado, há carnes com alto teor de ferro orgânico altamente biodisponível. Por outro, há legumes, leguminosas e cereais que contêm ferro inorgânico, mais difícil de ser absorvido a menos que esteja combinado com vitamina C. É por isso que muitos adultos comem a salada primeiro (rica em vitamina C), depois os grãos e legumes, com a sobremesa por último. O que é comumente feito com bebês na Espanha não é uma idéia muito boa, oferecendo a eles somente grãos numa refeição, legumes na outra e fruta na próxima. Quando seu bebê ingere muitos alimentos, é uma boa idéia combiná-los , oferecendo-os numa mesma refeição (não batendo todos juntos no liqüidificador) ao invés de fazer menus monocromáticos (“hora do cereal”).
E se ele não quer comer comida de bebê?
Não se preocupe, isso é totalmente normal. Não tente forçá-lo. Você talvez tenha sido aconselhada a oferecer sólidos antes do peito, assim ele estará com fome suficiente para comer. Isso não faz o menor sentido, uma vez que o leite materno nutre muito mais que qualquer outro alimento. É por esta razão que usamos o termo “alimentação complementar”. Sólidos não são nada mais que um complemento ao leite materno. Se seu bebê mama e depois rejeita frutas, nada acontece; mas se ele aceita fruta e depois não mama, ele sai perdendo. Mais fruta e menos leite é uma receita para perda de peso.
O mesmo vale para leite artificial. Lembre-se de que se você não está amamentando, você precisa dar ao bebê meio litro de leite diariamente até que ele tenha 1 ano de idade. Não é bom negar o leite para que ele coma mais."
Do livro “My Child Won't Eat”, Dr. Carlos González – Tradução de Flavia Mandic