segunda-feira, 24 de julho de 2017

O desmame pertence à mulher e ao bebê, e não ao médico

O assunto que me tocou foi aleitamento materno prolongado.
Hoje estava lendo que uma médica famosa "recomendou que as mulheres não usassem o peito como forma de confortar seus filhos e que o peito fosse oferecido como forma de alimentar as crianças". 

Imediatamente pareceu que essa seria uma boa estratégia da industria do leite artificial, criar uma campanha assim : 

"Aleitamento materno como forma de alimentar (nutrir fisicamente) seu filho e todo malefício que outras funções da amamentação trariam, como causar dependência emocional e, portanto, um filho inseguro! Ha risco para mulheres que amamentam criarem filhos dependentes e inseguros!"

Que confusão imensa esta criada mais uma vez!

Desvalorizar esta corporalidade que está envolvida desde a concepção, gestação e parto, que naturalmente se prolonga através da amamentação é a grande sacada da industria do leite. 

Se for possível desqualificar esse colo que nutre emocionalmente e fisicamente fica mais fácil banalizar a importância do aleitamento materno como estratégia de fortalecimento de vínculos entre a mãe e seu bebe. 

E quando definimos que há uma idade cronológica na qual esta relação prejudica o desenvolvimento da criança, como se as mulheres que não amamentam não passassem pela dificuldade de encorajar o desligamento de seus filhos e de suas conquistas de autonomia simplesmente por não darem o peito. 

Estamos desqualificando este aleitamento.

Foto: Various Brennemens

A outra dificuldade que aparece na formação médica é a idade em que esse aleitamento tem que acabar. Como é frequente encontrar falas de médicos definindo tempos cronológicos para o desmame. 

Aniversario de 1 ano. Presente ? Desmame.

Aniversario de 2 anos. Presente ? Desmame.

Amamentar continua sendo um ato heróico e revolucionário!

É muita pressão contra e o TABU da amamentação prolongada ainda povoa o imaginário das populações urbanas como causa de todos os males da humanidade.

Deixo aqui minha sugestão de que o desmame pertença a mulher e a criança no momento que para um dos 2 ou para ambos não fizer mais sentido. 

Deixo também a reflexão que marcadores cronológicos como 6 meses, 1 ano, 2 anos ou seja la qual for, não deveriam permear a relação desses 2 indivíduos (mãe/ bebê) nas suas singularidades. 

E deixo aqui a sugestão que médicos famosos não deem palpites sobre assuntos tão difíceis e delicados como a qualidade da relação de uma mulher com seu bebê.