segunda-feira, 25 de julho de 2016

Relato de Pós Parto - Por Fabiolla Duarte

** Por Fabiolla Duarte **

quando no meu pós parto eu passava dias em casa porque o mundo era barulhento e meu bebê ia acordar, fiz muito mal para meu filho, porque fazia mal para mim o isolamento.

quando eu não ia tomar cerveja na Augusta (eu nem gostava de cerveja, mas queria mesmo assim), ou não tirava um dia sem rotina alguma, só para flanar pela cidade como eu gostava, eu fiz muito mal para meu filho, porque fazia mal para mim.

eu demorei um tempo longo para entender a fala do Carlos Eduardo Correa quando veio na visita pós parto me dizer, quando eu perguntei, para não ler livro algum, escrever o meu.

eu li uma porcaria de um livro antroposófico (que não era em nada porcaria. mas foi para mim) que eu usava como roteiro para maternar, porque me sentia caindo em queda livre, altura abissal, como nos pesadelos que tive a gravidez toda.

tornar-me mãe era muito assustador. era um encontro marcado com muitos fantasmas da minha infância.

algum momento larguei o livro, porque ele me disse que eu tinha que parar de amamentar. uma pediatra fulana também disse.

eu tinha calafrios. tremores na cama enquanto tentava decidir o que fazer. decidi sozinha claro, porque o pai do meu filho, ainda (des)companheiro na época, deixou para mim a decisão, já que eu sou a mãe e isso é coisa de mulher.

foi ali que comecei a sacar que maternar é soltar a linha da pipa e arriscar, e afinar a escuta, e uma aventura dentro de si mesmo. não sem angustia, venho tentando essa maternagem sem receita, usando a antena e procurando quem me deixa livre para fazer da minha maternagem um caminho AUTORAL.

tudo isso para dizer que: no Colher de Pau falamos de criação de filhos e filhas também, e muitas vezes as pessoas contam de seu pediatras. eu gosto muito quando escuto que o pediatra é parceiro. não gosto quando escuto que o pediatra gosta de jogar o jogo do medo e do controle. 

Desenho por Sascalia


resumo: 
1) a gente precisa ser feliz e pós parto precisa ser a busca pela leveza. tá muito trágico? reveja alguma escolha. atenda seu bebê e se atenda também. 

2) tenha médicos parceiros. meio antropólogos, meio terapeutas, que sejam humanos, que gostem de gente e que te façam mais perguntas do que te dê respostas.

3) faça parte de um grupo de pós parto. existem de mães, e agora de pais também. no Espaço Nascente tem.

4) comam simples, mas com prazer. curtam seus bebês sem essa porra de smartphone na mão o tempo todo. meu filho tem hoje 6 anos e sei que depois de amanhã terá 10. tô arrasada. e eu não tinha smartphone na época, mas eu vivia nas redes sendo muito ativista. 

amor, parceria e sigamos

#colherdepaufabiolladuarte
#doulafabiolladuarte

segunda-feira, 18 de julho de 2016

6 sites carinhosos com a infância.

Vocês reconhece o papel de influência da internet nas questões relacionadas à infância? 

De acordo com uma pesquisa da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, a internet, junto com o Pediatra ou profissional de saúde e outras mães que já passaram pelas mesmas experiências, formam as maiores fontes de informação para pais e mães da atualidade.

Então faz-se necessário sempre questionar a fidedignidade das suas fontes no mundo digital. Sabemos que muitas iniciativas, inclusive jornalísticas, atuam muitas vezes com financiamento de marcas que podem apresentar algum conflito com seus valores. Por exemplo, se você optou por amamentar, não é sábio procurar informações sobre filhos e maternidade em sites de empresas que fabricam leite artificial.

O mesmo vale por exemplo, se proteção da infância é um valor para a sua família. Hoje resolvi recomendar cinco sítios virtuais que tratam de temas variados da infância e que são boas fontes para reflexão e informação de pais e mães. Aproveitem!


É um projeto completo de registro da infância por todos os cantos do Brasil. Selecionei aqui a parte que vem mantendo vivas as brincadeiras tradicionais, tão importantes para crianças de qualquer tempo ou lugar. 




É um movimento surgido na internet e feito por mães que discute a publicidade infantil e seus malefícios. Atualmente, essas mães participam das esferas políticas, levando a voz das mães e crianças para audiências no legislativo que decidem nossas políticas para a infância.  Um excelente lugar para ampliação de consciência sobre a proteção da infância, além de formação para a cidadania.



Nem sempre é necessário um textão ou longos vídeos para promover reflexões e mudanças profundas. O Armandinho é um personagem carismático que coloca a criança em lugar de protagonista frente aos dilemas do mundo atual. Simples e impactante.




Um blog detalhado sobre alternativas de brincadeiras para pais e filhos de todas as idades. Desde sugestões de coisas para fazer juntos até reflexões do porque nós adultos temos dificuldades na entrega para o brincar. 




O Catraquinha é fruto de uma parceria entre o Instituto Alana e o Catraca Livre. Funciona como um portal de curadoria, pescando muitas referências interessantes e progressistas do nosso universo, que são divididas em abordagens como Cuidar, Defender, Família e Economia.




Além de matérias interessantes sobre a mater-paternidade contemporânea, o guia tem trazido muitas dicas de atividades gratuitas em São Paulo. Vale conferir!!




terça-feira, 5 de julho de 2016

O papel do homem no pós parto: Cacá na revista Crescer

Na matéria publicada em 16/06, Cacá tratou com a revista Crescer do papel do pai na construção das novas famílias e chegada dos bebês. Aqui no blog você confere a entrevista na íntegra!



Os pais costumam se preparar para a chegada de um filho preparando o enxoval, arrumando o quarto, lendo livros... Mas na maioria das vezes se esquecem da avalanche de emoções que os aguardam. Como eles podem se preparar para isso? 

Como costumo dizer, quando nasce um bebê, nasce uma família. Nascem o pai, a mãe, os avós e todos que se relacionam com essa criança. Esse nascimento nem sempre é fácil. Às vezes vamos nos deparar, como você disse ,com uma avalanche de situações e emoções para as quais nem sempre estamos preparados. A principal dificuldade inicial costuma ser a privação de sono. Os bebês costumam ser seres muito noturnos no começo, o que para muitos é assustador. Nem todos os bebês acordam só para mamar e dormem e, principalmente nem todos obedecem o relógio e mamam a cada 3 hs. Saber disso antes já ajuda a entender que é natural aos bebês solicitarem muito contato físico, colo e mamadas freqüentes principalmente a noite. Essa família vai lidar com sono, frustração, medos e tantas emoções que vão muito alem da alegria de ter um filho. Alguns encontros de pré-natal tem por objetivo, além de preparar para o parto, avisar que o pós parto pode ser um momento difícil, mas que passa. Com certeza irá passar. 

Nesse sentido, qual o papel do pai no período do puerpério (vamos contar os 3 primeiros meses do bebê)? 
O homem também está nascendo para um novo lugar. Agora é pai ! E aí, o que que eu faço ? Esta é a pergunta mais difícil de responder. Me preocupo muito em mostrar aos homens que eles podem trocar fraldas, podem dar banhos, que eles não vão quebrar o pescoço da criança apesar de todos ao redor, inclusive sua mulher dizerem: -cuidado com o pescoço ! geralmente os homens estão muito despreparados para cuidar de um bebê e se sentem muito incapazes. Mostrar como cuidar do umbigo,trocar fraldas, carregar o bebê, dar banho já ajuda muito e favorece a formação de vínculos entre o pai e seu filho. A preocupação com isso é mundial. A Suécia tem garantido a licença paternidade de 90 dias com essa preocupação com a participação ativa dos pais no cuidado de um bebê e indiretamente fortalecendo vínculos familiares. Hoje no Brasil conquistamos a licença paternidade de 20 dias para as empresas cidadãs ,desde que haja um preparo dos homens para poderem participar ativamente desta fase. Lidar com questões emocionais intensas das suas mulheres também pode ser uma surpresa. As vezes simplesmente oferecer água para a mulher que esta amamentando ou facilitar que ela coma e tome banho podem ser de grande ajuda. 

Como ele pode ajudar a mulher nesse começo, principalmente a lidar com as emoções? Distúrbios afetivos ocorrem freqüentemente durante o período pós-parto. A primeira delas é conhecida como baby blues, que acomete cerca de 50 a 80% das mães e caracteriza-se por labilidade emocional e variações de humor. Há também diminuição do apetite, dificuldade de concentração e insônia . Os sintomas se iniciam ao terceiro ou quarto dias após o parto, tendem a aumentar em torno do quinto ao sétimo dia, e tendem a começar a melhorar em duas semanas. Principalmente a privação de sono deve contribuir diretamente para este mal estar comum entre as mulheres. Acredito muito no poder do abraço e da escuta e me parece a melhor ajuda compartilhar as surpresas e se fazer presente neste momento. Todo o apoio e ajuda pratica nesta fase serão bem vindos, conforme citei acima.

Como o pai pode ajudar na amamentação e toda a pressão que a mulher sofre nesse sentido? 
Todos podem se sentir incapazes inicialmente. A mulher com duvidas da sua capacidade de nutrir e dar colo, o homem se sentindo incapaz de ajudar por não ter peito e o bebê descobrindo um universo de novas sensações sem saber como lidar. A amamentação no inicio costuma ser difícil e a sugestão de dar outro leite ,sugerindo que a mulher tem pouco leite ou leite fraco é comum. A pressão pode ser muito grande. Ajudar a mãe a acreditar na sua capacidade natural, biológica para a amamentação é uma coisa importante a fazer. Eu diria para tentar ser menos pratico e mais sensível a essas dificuldades ajuda bastante. Procurar ajuda pratica com especialistas como consultores, pediatras que entendam de aleitamento ou bancos de leite humano onde tem profissionais especializados . Fazer o que é possível como trocar fraldas, cuidar do umbigo, dar banho. Oferecer água e comida frequentemente. E muitos abraços.

Como o pai pode observar e ajudar no caso de depressão pós-parto? 
Quando se trata de pós-parto é difícil: tudo fica com cara de depressão. Mas quando o vinculo da mulher com seu bebê esta comprometido, levando a mulher a se afastar do seu bebê, está na hora de procurar um profissional da área de saúde mental para ajudá-los. Mães indiferentes ou muito agressivas quanto as necessidades do bebê podem estar mais gravemente comprometidas. Virar pai não é fácil e poder contribuir para a construção de harmonia familiar talvez seja o maior desafio. Mais do que ser o provedor financeiro. Poder contribuir para o bem estar de todos formando vínculos fortes com seu filho é a mágica desta situação. A licença paternidade estendida é uma grande conquista neste caminho de fortalecimento de laços familiares.