segunda-feira, 20 de junho de 2016

Século XXI - A odisséia das novas famílias

Ter um papel em uma família. De filho, de pai, de primeira ou segunda mãe, é sempre uma jornada por um céu misterioso. Somos colocados constantemente em confronto com nosso universo particular, nossas gênesis. Ao passo que construímos novas pontes para o infinito da vida humana quando nos relacionamos com quem amamos. A reflexão sobre quem somos (e se gostamos de quem somos) ganha uma nova dimensão e nos faz perguntar se estou sendo o adulto que gostaria de ser como exemplo. Não importa se na qualidade de pai ou mãe ou tio. Mas na qualidade de ser humano e cidadão.

Essas reflexões são para lembrar que existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia.

Roda de Pais

Na roda de pais percebo que há um lugar interno lembrado da infância de delicadeza e sensibilidade tão mal aceito na vida de um homem adulto. Através de um bebê, reencontrar este lugar pode não ser fácil, já que no processo de educação que cada um desses meninos viveu havia uma proibição para essas duas condições. fica difícil achar a possibilidade de ser leve e autoridade ao mesmo tempo. as memorias que trazemos de uma educação onde nada se explica , não pode porque não pode, atravessa a experiencia de lidar com uma criança muito verdadeira nas suas emoções.

Não cai bem educar um filho para sensibilidade muito menos para delicadeza. Delicadeza e sensibilidade "não são coisas de homem".

Muitos viveram uma violência em se mostrar delicados e sensíveis, como se isso definisse qualquer sexualidade. 

Qual tem sido o nosso olhar para a formação do pai, ou do pai em potencial? Se estamos clareando nossa consciência sobre a problemática da maternidade compulsória para meninas, podemos observar quais outros arquétipos estamos impondo também aos meninos. Heroísmo e agressividade certamente. Essa confusão sobre o que é coisa de menino ou de menina. Quem pode chorar. Quem pode experimentar seu corpo pela masturbação. Quem é essa criança vista como frágil quando evita disputas por brinquedos.

Este documentário põe luz em algumas questões sobre as máscaras sob as quais estamos construindo as noções de "masculinidade". 





Maternidade Lésbica

Na roda de maternidade lésbica percebo que é mais importante se preparar para as questões que a criança lidará por ser filh@ de duas mães do que para as questões ligadas a maternidade em si. As mulheres trazem uma consciência de que as preocupações ordinárias da maternidade não são para elas a única preocupação. Precisam se preparar internamente para lidar com questões sociais.

"Entendemos que a maioria das nossas preocupações da dupla maternidade têm a ver com o futuro das nossas filhas, como elas irão ser recebidas na escola ou pelos amigos. Nossos assuntos específicos têm mais a ver com visibilidade e relação com a sociedade do que com os nossos problemas atuais de alimentação, sono ou colo."

Há que se pontuar categoricamente que uma educação inclusiva para as crianças precisa partir do princípio de que "questões" da maternidade não são universais. Estamos contemplando o maior número de mães possível nos nossos discursos ou agimos de forma excludente quando delineamos "o que é ser mãe" à partir da vivência de um grupo exclusivo? Existe um modelo certo ? Existe errado ? Não deveria ser uma questão de amor?




Leia nesse link mais histórias sobre as famílias de dupla maternidade

Exercício de gerar e manter a vida

Uma mãe uma vez  relatou que ao descobrir que seu filho era gay respondeu que precisava de um tempo. Não de um tempo para lidar com a sexualidade dele. E sim para encontrar um lugar interno para lidar com as pessoas e as situações que viriam à partir desta nova descoberta. Ela queria se preparar para o mundo, no qual seria mãe de um rapaz gay.

O exercício consciente da mater - paternidade está também na habilidade de reinventar-se à partir dos filhos. À partir do exercício criativo que começa ao gerar vida e ao auxiliar em mantê-la, pode-se encontrar internamente as possibilidades do novo que nos moverá para outros lugares inesperados. E muitas vezes tão desejados.

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O que se ganha é poder relembrar momentos da sua própria história e resignificá-los, através das demandas que surgem da colisão desses universos. Mães, pais e filhos. Todo um complexo de planetas, corpos celestes e super novas. Ligados pelas mesmas estrelas.

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