quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Abordagem Pickler - autonomia à partir do afeto

Emmi Piker foi uma pediatra húngara que estudou profundamente o desenvolvimento infantil. Motivada por seu trabalho em um orfanato pós guerra Pikler trabalhou intensamente com a natureza dos bebês, de modo a proporcionar um desenvolvimento de vínculos afetivos sólidos com seus cuidadores, à partir da leitura de suas necessidades, respeito aos suas vontades e especialmente liberdade de movimento.

O legado de Pikler não é um método. É uma forma de olhar a criança e o bebê, que direciona atitudes respeitosas e afetivas por parte do cuidador, colocando a criança como protagonista de seu desenvolvimento. Essa abordagem, que perdura hoje com o trabalho de sua filha Anna Tardos, no Instituto Lockzy na Hungria, tem alguns eixos de conduta, facilmente aplicáveis nas rotinas de pais e mães, e outros cuidadores de bebês e crianças pequenas.

- a construção de vínculos entre bebês e seus cuidadores se estabelece através dos cuidados diários: banho, troca de fralda, alimentação e preparação para o sono.

- nesses momentos o cuidador de e estar em estado de entrega plena com o bebê, olhando-o nos olhos e explicando sempre o que pretende fazer. Convidando-o sempre a ser sujeito daquela ação. "Agora vou abrir sua roupa, você pode levantar as perninhas para me ajudar?"

- o adulto está sempre focado em favorecer o sentimento de competência da criança, e não em fazer coisas mecanicamente por ela.

- a interação profunda com o adulto nos momentos de cuidados diários, nutre a criança emocionalmente e assim ela está preparada para a exploração livre de um espaço seguro.

- o bebê nunca é colocado em uma posição que ainda não assumiu. Para Pikler, o desenvolvimento motor é espontâneo e inerente e acontece à partir da atividade autônoma. Nada de estímulos artificiais, como bumbos ou bebê-confortos. Os bebês Pikler apropriam-se primeiro do chão, das superfícies, da horizontalidade.

- as crianças devem estar sempre em local seguro, de modo que o adulto não precise ficar tolhendo seus movimentos. Roupas confortáveis são desejáveis.

- ao adulto cabe a preparação desse ambiente e observação atenta das necessidades da criança, mas sempre com foco no brincar livre.




Muito embora o nascimento da abordagem Pikler esteja intimamente ligado com o conceito da orfandade, (e essa é uma reflexão pertinente - pois pode muitas vezes apresentar conflitos com práticas, por exemplo, da criação com apego) - é muito interessante sua visão da criança e do bebê enquanto potências. Enquanto seres resistentes e plenamente capazes de serem autônomos em seu desenvolvimento, quando providos de vínculos sólidos de afeto e liberdade. 


Conheça mais: 

- http://www.educacaodecriancas.com.br/desenvolvimento-infantil/emmi-pikler-orientacoes-para-cuidados-com-bebes-parte-1