quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Pediatra dá dicas para uma boa amamentação


por Carlos Corrêa, o Cacá.

O leite materno é um alimento único e especial para o bebê, já que ele é adequado a todas as necessidades nutricionais e imunológicas do bebê. Ele é um fluido vivo que
protege contra infecções e possui ácidos graxos que auxiliam no desenvolvimento cerebral. Crianças amamentadas por longo período apresentam melhores índices em testes de inteligência.

Além disso, crianças amamentadas têm menor risco de apresentar diarreia, desnutrição, otites, alergias, problemas de fala e ortodônticos. A diabetes e a hipertensão arterial são doenças associadas ao aleitamento artificial. Além de todos os
benefícios à saúde, a amamentação também proporciona calor, contato e proximidade entre mãe e filho, que podem influenciar ainda no desenvolvimento físico e emocional da criança. Por essa e outras razões, o leite materno deve ser o único alimento na vida do bebê até os seis meses de vida.

Mas como o leite é produzido? A sucção do bebê vai desencadear a produção do hormônio prolactina, que é responsável pela produção do leite, e a ocitocina vai fazer com que o leite flua. A ocitocina é um hormônio que é afetado pelas emoções e sentimentos da mãe, por isso, muitas vezes, se ela está preocupada, cansada ou com dor, o peito pode estar cheio de leite, mas não flui.

De acordo com o pediatra neonatologista Carlos Corrêa, toda mulher tem leite, até mesmo mães adotivas que nunca engravidaram podem produzi-lo. A produção do leite está relacionada ao estímulo. Quanto mais o bebê suga o peito, mais leite é produzido. Para que a produção seja adequada é muito importante que o bebê mame sob
livre demanda, isto é, toda vez que ele pedir, sem regras de horários e tempo de mamada ou quando a mãe sentir a necessidade de oferecer. Também é necessário que a pega e a sucção do bebê estejam adequadas, pois se a pega estiver errada o peito não vai ser bem estimulado. Outro fator que pode atrapalhar a produção de leite é o uso de chupetas, pois o bebê pode sugar menos o peito e isso afeta a produção. "Ajuda também a mãe estar descansada, por isso, é muito importante que as mães aproveitem para dormir nos horários em que o bebê está dormindo", explica ele.
Cuidados com o bico

Para evitar que os bicos rachem é fundamental que a pega do bebê esteja correta. O neonatologista explica que o bebê deve abrir bem a boca e abocanhar a maior parte possível da aréola, que é a parte escura da mama, e não somente o mamilo. O queixo do bebê deve estar próximo à mama e os lábios inferiores devem estar virados para baixo. Para estabelecer uma boa pega é fundamental que
mãe e bebê estejam numa boa posição.

A mãe deve estar
confortável, com as costas apoiadas. A criança deve ficar de frente para o peito da mãe, pois é a pressão de sua gengiva na aréola que solta o leite. Se ela sugar só o bico, o leite não sai. Sua cabeça deve estar alinhada com o tronco, ou seja, a criança não pode estar torta e seu corpo deve ficar colado ao corpo da mãe o tempo todo.

Quando a amamentação vai bem, não é para a mãe sentir dor. A dor que muitas mães sentem está relacionada principalmente à pega errada do bebê, isto é, quando pega somente o mamilo e não abocanha a aréola. Se doer, primeiramente deve-se corrigir a pega e o posicionamento da mãe e do bebê. Existem outras situações que podem causar dor para amamentar, como, por exemplo, uma infecção por fungos. "O importante é que, quando a mãe estiver com alguma dor ou qualquer dificuldade para amamentar, ela
procure ajuda especializada, como, por exemplo, profissionais capacitados em amamentação ou ajuda de um Banco de Leite Humano", diz Corrêa.

O neonatologista explica que antigamente as grávidas eram orientadas a fazer exercícios para o preparo do mamilo, mas, segundo ele, estudos
comprovaram que esses não tinham resultados, o que realmente vai importar é a pega e a sucção do bebê.
Leite fraco: mito ou verdade?

Um mito na amamentação é de que algumas mulheres possuem um leite fraco, por isso o bebê mama em intervalos pequenos. Segundo o médico, toda
mãe produz leite adequado para seu bebê e cada um tem o seu ritmo de mamada. "O estômago do bebê está preparado para digerir o leite materno, por isso a digestão é bem rápida e ele sente vontade de mamar mais rapidamente e com mais frequência comparado ao leite de vaca", diz ele.

Algumas mulheres podem apresentar traumas nos mamilos, e nesse caso, além de ser fundamental corrigir a pega do bebê no peito, é indicado tomar banho de sol ou fazer
tratamento com pomada de lanolina. "Lavar o mamilo após a mamada não é recomendável, pois retira a oleosidade natural que ajuda a proteger a pele do mamilo, deixando a pele mais sensível e suscetível a rachaduras", explica o pediatra.

Carlos Corrêa é médico pediatra, neonatologista, consultor em aleitamento materno. Treinador em Reanimação Perinatal da Sociedade de Pediatria. Faz parte de equipes que participam de partos humanizados no estado de SP.

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Fonte: http://idmed.terra.com.br/sexualidade-e-gravidez/gestacao/pediatra-da-dicas-para-uma-boa-amamentacao.html