segunda-feira, 6 de novembro de 2017

piracanga

Piracanga : uma jornada da vida . Uma vida de jornadas !

Me lembro da chegada nessa terra tao longe. depois de 4 dias viajando pelo Brasil, um pais de contrastes na paisagem, nas pessoas, nos sotaques. Enfim chegamos a Piracanga. sentia um misto de curiosidade, cansaço e de um medinho ,por não saber o que nos aguardava nessa vila tão distante . Estávamos indo para um retiro de família,para se retirar com a família, conviver em família junto com outras famílias. uma experiencia de interação e intimidade cheia de cara de novidade. Engraçado ir para a Bahia na qualidade de retirante, hehe, mas era exatamente como estava me sentindo.
Varias atividades foram vividas intensamente nos dias que estivemos em Piracanga. e ao mesmo tempo pudemos não fazer nada no mais belo espirito baiano que existe. Logo cedo começava a aula de Yoga com mestre Sun , que já brilhava pela manhã e nos fazia torcer e nos retorcer, visitando em nos mesmos as mais infantis lamentações do que consigo ou não consigo fazer. Varias vezes pensava: Aí , coitadinho de mim, o que estou fazendo essa hora da madrugada. Resistências e lamentações vencidas, vinha aquela sensação pueril de conquista e de liberdade que fazia meus olhinhos brilharem. E de todos que ousaram se arriscar tanto.
A gama de paixões e de emoções que compuseram essa aventura foi incrível. Convívio familiar intenso e atividades como Yoga que eu nunca tinha feito, e as delicias que a Pat preparou para a nossa exploração sensorial. Estou falando, foram coisas gostosas de criança, foram demais!
A magica do lugar começa com uma viagem de quase 2000 km. Tive a sorte de vive-la com uma família queridíssima, que me proporcionou muito carinho e muitas alegrias nesse interminável percurso. As transformações que a cada KM vão acontecendo e os encontros com outros peregrinos e nativos faz se sentir numa volta ao mundo brasileiro.
Primeiro passamos por Belo Horizonte, que nos acolheu deliciosamente , através da querida Mariana e sua família, já predizendo muitas boas historias para os próximos dias.
Conviver tipo Big brother dentro de um carro praticamente o dia todo e a noite descanso em hotéis de beira de estrada (muito mais confortáveis do que supunha) sem ninguém ter sido eliminado foi incrível ! Que gente mais corajosa é essa !
São 4 dias ate chegar em Itacaré na Bahia,onde atravessamos um rio de barco e pegamos o transporte terrestre ate Piracanga. Parecia até uma ilusão e que nunca chegaríamos de verdade .Sera um delírio coletivo essa tal de Piracanga ? Sera que existe? Depois de intermináveis KM pude ver que era real.
Um lugar lindo e sem excessos urbanos , com uma natureza exuberante.
Logo de cara recebemos as instruções de como lidar com xixi e coco.Muito engraçado que tudo começa falando do lixo que geramos e de como proceder no uso dos diferentes banheiros e demais resíduos que com certeza iriamos gerar.
Sair da própria vida em uma viagem imensa de carro ate a Bahia. Viver as transições deste caminho e aos poucos entrar em contato com novos lugares em mim. Chegar atravessando um rio a Piracanga . Viver uma dieta vegana e Yoga pela manha, grupo dos pais no almoço e atividades lúdicas e criativas no final da tarde, tudo recheado com banhos deliciosos de rio e de mar. Voltar para São Paulo em mais uma aventura terrestre a beira mar passando por Vitoria e Rio de Janeiro. Chegar ao Cristo, de onde se vê o mundo  de cima,pertinho de Deus.Dá até para trocar uma ideia com O Cara. Duas semanas indescritíveis de vivencias e transformação. Foi incrível.
A Patricia foi um show a parte. Eu mesmo brinquei com argila e fiz um dinossauro, colori uma camiseta em estilo tai dai, brinquei em rodas de cirandas que minha criança amou . Uma grande surpresa e muitas delicias. Brinquei, brinquei e brinquei!
O Sun acreditou em nos e eu mesmo estive em posturas de Yoga que ate agora duvido que conseguiria. A vontade e a confiança dele na nossa possibilidade de conquista do próprio corpo foram especiais. Amei estar naquelas madrugadas( começava as 7 da madruga) fazendo os estica e puxa que ele ousou acreditar que conseguiria.
Propor conversas em grupo sobre quem somos como pais , como filhos e quem são nossos filhos foi muito legal. Propor uma conversa franca de parceiros sobre para onde estamos indo coroou as rodas de conversa. Buscar abertura e qualidade de comunicação foi uma ousadia. Senti que deu certo.
A viagem interna foi tao intensa quanto a externa. Não sabia o que me esperava e quem seria eu nessa situação. Normalmente somos bem reservados como família nas nossas peculiaridades e incomuns relações. Sei lá, talvez todas as famílias sejam assim, mas não sei porque vinha com um friozinho na barriga. Seria num lugar longe de tudo, que não permite cigarro, bebidas e nada dessas coisas que as vezes a gente gosta . Comida vegana e programação intensa, com direito a uma versão mais aberta mas tao Big brother em se tratando de isolamento e convívio( acho que tenho mania de ver confinamento em tudo , hehe). A surpresa foi que tinha uma leveza delicia em todos os momento. Com certeza exagerei em descrever os momentos como confinamento e só existia isso na minha cabeça urbanóide. Era puro convívio humano de qualidade, com todas as possibilidades de isolamento e silencio que torna esse estar junto tao gostoso e plenamente possível.
Os dias vão passando. a malevolência vai aparecendo e aos poucos, a Bahia vai entrando em mim.
Espero que se demore em mim.
Valeu demais a experiencia. Adoraria compartilhar com todos essa aventura.
Ano que vem tem mais ...