terça-feira, 12 de abril de 2016

Carregadores de pano: qual a melhor opção? Pergunte para o bebê

Nasceu um bebê de colo e agora ?


A história toda de carregar bebês no colo pertence à ancestralidade humana de diversos pontos do globo (apesar da palavra colo não existir em todas as línguas).

A contemporaneidade tem nos presenteado com "novidades" mais velhas do que andar para frente, empacotadas em ares de lançamento. 

Chega a ser surpreendente a necessidade humana de transformar vivências em substantivos. Dar nomes, criar regras, conjuntos de normas, etiquetas. Elencar diretrizes, Construir certos e errados . Re-construir a cultura: Babywearing, uma palavra contemporânea, em língua que não é nossa para dar conta de uma prática assustadoramente óbvia. 



Adultos carregam bebês no colo. Irmãos mais velhos carregam seus caçulas no colo. Maiores apoiam menores. Isso não é lá uma grande novidade.

Com efeito, não precisa ser muito científico para concluir que carregar consigo a cria deve ter tido um papel importante na evolução e sobrevivência da espécie humana. Um lugar de proteção e aconchego que nos permitiu evoluir como sociedade. Como humanidade.

Em meio a uma avalanche de sugestões, estudos, tipos de tecido, posições recomendadas, posições proibidas e um tanto de autoritarismo por parte dos adultos, gostaríamos hoje de falar sobre a segunda parte mais interessada, e igualmente impactada, na vivência do colo materno.

O bebê.

O bebê, como sabemos, é uma pessoa.
Assim como todas as pessoas, que podem se unir em semelhanças para algumas questões, os bebês podem diferir radicalmente entre si para muitas outras.
Possui singularidade. Possui seus próprios desejos e aversões.

Há bebês que ficam tranquilamente no colo de suas mães, por longas horas seguidas. Há aqueles que demonstram insatisfação em uma posição ou outra. Há bebês que sinalizam rapidamente através de um choro inconfundível. Outros resmungam. Alguns acatam.



Há bebês mais comunicativos. Há bebês que contemplam. Há bebês bastante motores e exploradores. Há bebês com muita saudade do útero. Há bebês com muita fome do novo. Há bebês virados para frente, há bebês aninhados nas costas, há bebês sentados nas tipóias, há bebês pendurados nos seios de suas mães. Apesar de sua essência e natureza humanas, o bebê é provido de peculiaridades.

Em nenhum momento da humanidade as mulheres deixaram de exercer suas atividades por terem tido um bebê. E isso se deve à uma união de fatores. Um entorno solidário e menos crítico, por exemplo, certamente favoreceu essa condição.

É fato que a ciência dos tecidos, nós e posições contribuiu para o sucesso do carregamento de uma legião de bebês, geração após geração. Mas nada disso teria sido possível se essas pessoas, além da solidariedade e atenção da sociedade que as cercavam, não fossem antes de tudo: exímias observadoras dos seus filhos.



Então sobre qualquer receita de carregamento de bebês, por cima de qualquer debate sobre o melhor tecido, no topo de qualquer regra rígida acerca das posições, para além de qualquer condenação de um ou outro aparato e acima das inspirações europeias, indígenas, andinas, africanas e orientais é imprescindível a questão: como está se sentindo o meu bebê nesse momento?

Reiteramos: não há técnica ou estudo, por mais científico que seja, que tenha algum valor se não vier perfeitamente amarrado com humanidade... com o perdão do trocadilho. 

Quer saber qual o melhor carregador de pano? Quer usar a posição mais recomendada? Quer aprender a carregar seu bebê no colo com maestria? Construa seu próprio caminho. E comece perguntando para o seu bebê. Se existem muitos modelos e formas de carregar deveríamos perceber que os cansativos conjuntos de regras e proibições deixam de lado o olhar sobre o bebê e a possibilidade de encontrarmos um encaixe satisfatório para ambos.

Experimente dar voz ao passageiro deste lugar. 
Do carregador. 
Do colo.

O bebê.