segunda-feira, 6 de maio de 2013

Sobre os nascimentos!

Foto: Simone Novato

Por Carlos Eduardo Corrêa, o Cacá, Pediatra e Neonatologista.

Tem sido intenso estes dias com nascimento de vários bebês com a força da lua e um sol de touro. Que sejam bem vindas essas novas vidas. Tomara que eu tenha podido trazer conforto na sua chegada, trazendo respeito e amor nas minhas poucas e necessárias intervenções. Espero que essas mulheres encontrem o caminho do coração para construir um vínculo forte e íntimo com seus bebês. Que a Andrea e eu possamos auxiliar na construção de um aleitamento pleno de prazer e troca entre estes que estão se conhecendo sem fantasmas e novas intervenções.
Que a natureza humana se expresse suave e ao mesmo tempo intensa e imensamente.

Muita alegria por tantos nascimentos!

Hoje, pleno “sabadão” estou aqui no batente. Recebi a visita de pais que tentam construir uma família regida pelo principio do amor e respeito. Como às vezes fica difícil saber como expressa-los. Ainda pensando em aleitamento materno, principalmente no começo, encontrar um lugar de prazer e conforto pode ser tarefa bem difícil. Repenso a importância e ajudar e apoiar as decisões desta família e não... Construir mitos, idolatrias, que só servem para desestabilizar. Como uma balança ou uma fala inadequada podem destruir uma relação em construção. O poder de destruir a formação do vinculo familiar parece ser maior que o de construir.

Não pode dar colo!
Não pode dormir junto!
Esta criança tá passando fome!
Ele chora demais! Tem algo errado!
E ai se constrói uma mãe insegura, incapaz, um pai distanciado, incapaz e uma criança defeituosa e incapaz.
Deus nos livre disto, já anda tão difícil conseguir ser feliz!
São tantos NÃOS!

Hoje reencontrei três recém-chegados há poucos dias. Nasce um bebê causando o nascimento de um novo mundo. Nasce uma família, com mãe, pai, avós, tios e tantos mais. Que impressionante é à força do nascimento! E renasço, eu como pediatra, como ser humano, como alguém que faz uma reflexão sobre a grandiosidade da vida.

Obrigado, a cada bebê que me trouxe isto. Que me trouxe aqui, muito obrigado!

Eu luto por um parto onde a mulher é protagonista do seu caminho. Suas escolhas são conscientes e as intervenções são as mínimas necessárias e pedidas. O pós-parto dessa mulher deve seguir esse mesmo caminho. Dentre essas escolhas: a amamentação, se assim escolhida, deve acontecer com as mínimas intervenções e apetrechos. Onde a balança não é o condutor dessa relação.

Nestes últimos dias tenho pensando por que essas mulheres não aceitam intervenções no seu parto, mas tem uma amamentação tão cheia de intervenções, tão cheia de apetrechos. O que vocês acham sobre isso?