sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Nosso início sem escola!

por Ana Thomaz

Como tudo começou?

Meu filho entrou em uma escola construtivista com três anos, onde eles incentivavam as crianças a criarem seus próprios projetos.

Um de seus projetos, junto com um amiguinho, foi planejar e cavar um buraco rente ao muro da escola para criar um túnel para fugir da escola!

Aos 6 anos ele entrou em uma escola waldorf em londres, onde vivemos por 3 anos.

Aos 9, de volta ao Brasil, ele seguiu em uma escola waldorf em São Paulo, e aos 13 anos começou a acordar todos os dias dizendo "eu odeio escola".

Aos 15 anos, ao finalizar o ensino fundamental, eu aceitei seu pedido incessante de sair da escola, desde que ele seguisse um projeto que iríamos criar para ele.

Para iniciar o projeto, pensamos em um processo de desintoxicação, que ele pudesse entrar em contato com um espaço interior, com um vazio, para que fosse construído algo a partir de um desejo genuíno.

A cada dia ele tinha uma atividade da qual ele apresentava afinidade e um gosto pessoal.

Nas manhãs: aula particular de musica, um grupo de artes plásticas, um grupo de filosofia, aula particular da técnica alexander e um encontro comigo de escrita e literatura;
Uma aula para cada dia da semana.
Todos os dias, as 18hs, aula em grupo de aikido.

E muito tempo livre, sem ocupações com t.v., vídeo game ou computador; tempo livre mesmo, sem fazer nada, até que surgisse um desejo, sem interesses ou intenções.

Em 5 meses surgiu um desejo genuíno de aprender mágica!

Logo, todo seu tempo livre ele usava para aprender, praticar e ler livros (pela primeira vez na vida), ler sobre mágica.

A mágica incentivou vários outros interesses, como línguas, culturas, viagens, historia...

Em seu segundo ano desescolarizado, ele já era mágico profissional, começou a participar de congressos na Inglaterra, na Guatemala, na argentina e no Brasil.

Não tinha mais tempo para fazer meu projeto, ele já tinha seu próprio projeto!

Escolheu um tutor em Buenos Aires e fez imersões por lá.

Conheceu mágicos do mundo todo.

Além de desenvolver suas habilidades, técnicas e materiais, virou um pesquisador, conhecendo a história da mágica, e todos os seus caminhos.

Participou de um concurso, para ganhar experiência, e ganhou o primeiro lugar!

Mais importante que a premiação, foi ver sua postura e sua percepção de um caminho que ele está apaixonadamente trilhando.

Eu acredito que todos os adolescentes tem um caminho apaixonante para trilhar.

E eu estou aprendendo a confiar no desejo genuíno, na capacidade de aprender, na motivação de desenvolvimento que toda criança/adolescente tem.

Aprendo também que o mundo é a "sala de aula", e que eles podem escolher (muito bem) seus tutores (meu filho, sem nenhuma inibição, escolheu um campeão mundial de mágica, que mora em outro país, como tutor).

Assim, crianças crescem para criar seu campo de trabalho, suas produções, seu modo de viver, sempre guiado por sua potencia e desejo de vida!

Fonte: http://anathomaz.blogspot.com/