O bebê nasce e os palpites nascem juntos:
- Cuidado com o colo!
Dá-se o peito e ouvimos:
- Está mamando de novo ?
Mas se o bebê chorar no colo de alguém é prontamente devolvido:
Se dorme junto com os pais, aí tá lascado:
-Vai ficar mal acostumado e nunca vai sair da sua cama. Melhor não.
- Vai ficar viciado em colo e mimado para o resto da vida!
Dá-se o peito e ouvimos:
- Está mamando de novo ?
- Não pode ser fome!!
Mas se o bebê chorar no colo de alguém é prontamente devolvido:
- Deve estar com fome.
- Cadê a chupeta desta criança?
Se dorme junto com os pais, aí tá lascado:
-Vai ficar mal acostumado e nunca vai sair da sua cama. Melhor não.
Como bons pais estaremos sempre questionando: quando permitir e quando negar? Quando é sim e quando é não?
Dizer SIM para os nossos filhos muitas vezes parece agredir adultos condicionados a ouvir NÃO nas suas próprias vidas.
Na lógica de educação vigente, muitos NÃOS seriam a fórmula secreta de melhorar esses pequenos projetos de nós mesmos, enquanto a mal educação mora em dizer sim para tudo.
Mas sabemos que essa conversa se trata (SIM!!) de aprender a respeitar o outro mas acima de tudo, a descobrir seus próprios limites e superar dificuldades. Muito mais do que "bem educar" ou "mal educar" transitar amorosamente entre sim e não é um exercício de cultivar boas relações consigo mesmo e com o entorno.
Num mundo em que o bebê nasce e cresce ouvindo NÃO exclusivamente como sinalizador de limites (e é dos pais a tarefa única de ser o porta voz dessa ação) essa oportunidade fica prejudicada. Negar a necessidade do outro é também demolir a noção de limites de sobre si mesmo.
Como ele aprenderá a respeitar o meu NÃO se não conhece o meu SIM? E mais: como conhecerá seus próprios limites, se atua pelos meus?
Queremos amorosamente criar filhos menos esgoístas e mais sensíveis às necessidades dos outros. Queremos educá-los para o respeito ao não do outro, mas com garantia de que viverão o SIM também para seus desejos.
Só conseguiremos isto através das relações amorosas (conosco e com o outro).
Olhar para os limites como algo inseparável das relações humanas: esse é o caminho para conviver bem com diálogo entre sim e não, entre eu e você, entre nós e o mundo.