quinta-feira, 7 de abril de 2016

Pediatria e H1N1: Responsabilidade Compartilhada

Nessa semana nos deparamos com o desabafo de uma mãe frente à histeria generalizada sobre o H1N1. 

No depoimento, que você confere abaixo na íntegra, ela invocava a responsabilidade do pediatra (e outros profissionais da área da saúde como o obstetra, por exemplo) não apenas no tratamento de possíveis doenças, ou sugestões de prevenção que envolvam o trabalho das famílias. 

Mas na postura ética de, desde a barriga, zelar por melhores escolhas do ponto de vista da saúde. A responsabilidade pelo melhor cenário possível em termos de saúde do bebê e da criança é compartilhada entre família, profissionais e sociedade, incluindo as políticas públicas de nossos governos.

Não podemos estar mais de acordo: especialmente no que tange o papel do profissional de pediatria no apoio e manejo correto da amamentação - uma vacina natural, gratuita e completa para a saúde do bebê hoje e no futuro.


Por Anne Rammi, de sua página no Facebook


"Tô vendo uma postagem de um doutor sobre a relação de boa alimentação e gripe H1N1 sendo ovacionada. Quero dar meus dois centavos sobre o tema:

Muito embora eu não questione que uma boa alimentação é a base de uma boa saúde, e concorde com o doutor que a melhor prevenção para doenças está no prato: Eu tô é cansada da mãe ser responsável sozinha por INCLUSIVE a gripe que o filho pega, porque não foi capaz de oferecer a "comida de verdade".

Quero saber onde estão os pediatras na hora de fazer manejo correto de aleitamento materno ao invés de indicar fórmula cheia de xarope de milho, já que estamos falando de saúde das crianças.

Pediatras, psicólogos e professores: são os primeiros a botar a culpa nas famílias individualmente. Nas mães, em primeiro lugar.

Convenientemente não olham para o problema da obesidade, da nutrição infantil precária, das ameaças à saúde, como responsabilidade da falta de leis (governo), abuso dos anunciantes e leniencia de espaços coletivos (como as escolas particulares, cheias de filosofia e com zero prática): todo mundo lucrando em vender produto porcaria marketado para crianças.

À propósito: os altíssimos índices de cirurgias cesarianas também já se provaram inimigos da saúde da população de crianças, depois das pesquisas de formatação epigenética. Cadê os obstetras para responder por essa questão? Vão dividir com você o preço da feira orgânica?

Esse blá blá blá "faça comida de verdade na sua casa" enquanto o governo acaba com tudo o que conquistamos na rotulagem de transgênicos e esconde agrotóxicos debaixo do seu inhame de cada dia. Faz-me-rir.

Falta profissional que se POSICIONE POLITICAMENTE não para ficar dando pito nas famílias e gerando demandas do impossível, enquanto protegem a classe e o establishment. Falta profissional que queira aumentar a consciência das responsabilidades dos agentes sociais. Todos eles.

Claro, alimente seu filho do mais saudável que for possível. Mas cobre também desses agentes a parte que lhes cabem no caos social que envolve as crianças."



Aproveitamos o ensejo para deixar a recomendação de uma entrevista do Dr. Esper Kallas, infectologista, à respeito da epidemia previsível, porém precoce em 2016, de H1N1.